Diálogo de uma pessoa só

Tudo gira em torno disto. Não há o que ser feito, ou algo que possa ser dito e transformá-lo nalgo trivial. Ou pelo menos não tão essencial à subsistência humana. Para você que nunca viveu é um texto engraçado, bobo, superficial, clichê e tantos outros nomes. Alegro-me por ti, de verdade, pois tu irás conhecer o que nos gerou e que continuará a motivar nossas vidas; e melhor: será o teu primeiro amor. A beleza, pureza, inocência e docilidade do desabrochar desse sentimento. Sim, sem predicado mesmo, adjetivá-lo numa sentença já basta. Afinal, o que digo são apenas coisas genéricas, em vossas mentes passam filmes distintos.

Então, o leitor mais atento, ou até aquele que não presta tanta atenção imagina "Ih, o pseudoescritor está amando". Não, amar é tão forte. Mas ele está em construção. Convenhamos, a beleza de construí-lo se equipara a contemplá-lo pronto e funcionando. Por isso, é de se indignar quando alguém resume o amor a sentimentos. Se fosse somente isso, não implicaria convivência, confidências, intimidade, risadas, conhecer as semelhanças, descobrir e aceitar as diferenças, brigas, pois somos íntimos o suficiente para dizer que penso diferente. E então, ele é apenas aquela sensação gostosa em meu peito? Quando ela se esvair, tudo supracitado de nada valeu, ou nunca existiu?

A construção é belíssima. Não somos íntimos, não podemos simplesmente rasgar ao outro o que sentimos. Pior, não posso responder com nenhuma certeza a primeira pergunta que aflige nossos corações dos 14 aos 80 anos: será que ela também sente isso? Questionamento que nos consome todo dia em pensamentos que não deveriam convergir para ela, mas que teimam em para lá chegar. Até chego a me desculpar com Deus e me perguntar "Eu vou esquecer o Senhor?". Deu para ver seu sorriso de sabedoria ao se deparar com um medo sincero, mas que nada tem de verdadeiro. É outro amor, não são excludentes, apesar de no princípio parecer.

Vem, devido o desconhecimento do outro, a melhor parte: aquela que você conhece absolutamente tudo que deveria dela, mas que ela nunca falaria, pois são os trechos de sua alma que não são postas em palavras. A maneira de olhar que indica o que ela sente, o que ela pensa. A forma de se comportar que possa indicar a resposta à sua pergunta. Será? O jeito de sorrir, de olhar, de conversar, de discordar de você, de implicar, de abrir pequenas brechas, de fechar outras, de abri-las e fechá-las ao mesmo tempo. Que loucura! E nessa batalha por conhecê-la, você conhece antes mesmo de ela mostrar-se humana.

Quando, por fim, ela disser coisas que não são ditas a qualquer um, você descobrirá que a sua paciência em desvendar todos os detalhes de sua personalidade muda estará sendo recompensada. Então, sua alegria não será descobrir aquilo que será dito, mas perceber que ela é realmente tudo que você desvendou.

3 comentários:

André Palhano disse...

O problema é quando a passamos a idealizá-las por demais. Quando se acorda dessa cegueira momentânea, às vezes é muito tarde!

apesar disso, espero que tenha sucesso! :D

Suzane Borba disse...

Concordando com André, o problema é o quanto ficamos cegos quando conhecemos uma pessoa. Com a maturidade, a gente aprende a equilibrar as emoções e a enxergar nossos sentimentos mais racionalmente. Claro, dou um troféu a quem conseguir fazer isso, mas pelo menos acho que é o que se deve ter em mente ao enfrentar esse turbilhão de hormônios explodindo o botãozinho vermelho da paixonite... kkkkk

Ah, concordo com o que você disse também, o amor é um sentimento que se constrói sempre, aliás, qualquer sentimento está em constante transformação, só mesmo Platão para acreditar em amor absoluto, em bem absoluto. Bem platônico mesmo =P

Suzane Borba disse...
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