O mais belo dom de Deus

Tem algum tempo que não posto algo somente por postar, um pensamento, um devaneio, um diálogo com os poucos fiéis companheiros do Blog. Por esses dias, comentava com um amigo como a música exerce um poder inacreditável sobre minha mente. Creio que todos os leitores saibam disso, já que são bem próximos a mim, mas para quem não sabe, praticamente 100% dos meus textos são escritos sob uma música pré-definida. Lembro-me de apenas um (Sem título) que foi redigido e postado sem nenhuma trilha sonora a influenciar.

A influência vai mais além: não é que eu pense em um texto, comece a escrever e coloque a música. Normalmente, a via é a inversa: estou imerso numa música, ela me passa algo, um sentimento, uma cena e, agora sim, a partir daí eu deixo minha imaginação trabalhar. Por isso, é-me impossível escrever uma crônica como a anterior, por exemplo, ouvindo Led Zeppelin.

Outra coisa muito comum: enquanto leio determinado livro, procuro escutar músicas diferentes das que ouço normalmente. Faço isso porque quando ouço aquelas já conhecidas, imediatamente me vem cenas dos livros, partes que minha imaginação criou. Assim, junto dois dos meus maiores amores: literatura e música. Por exemplo: ouvir Kings of Leon (especialmente os álbuns Only by the Night e Because of the times) lendo "O resto é silêncio" de Érico Veríssimo é uma experiência inesquecível! Isso mesmo... Inesquecível! O livro é simplesmente maravilhoso, assim como a banda.

Pensei em escrever sobre isso no blog, mas, como tantos outros assuntos, desisti no meio do caminho. Até que hoje, estava no carro esperando pelo meu pai e aí comecei a passar as rádios, desesperançoso. Parei em uma que tocava uma música que me fez querer voltar a escrever sobre isso. Tenho um (grande) amigo que diz que eu noto muita coisa numa música. Ouvido de leigo, mas presto atenção em tudo: linha seguida pelo baixo, mudanças repentinas, guitarra base, solo, bateria intensa, orquestra, voz, sentimento... absolutamente tudo que consigo entender eu noto.

A primeira coisa que a música me passa é o sentimento. Sempre me leva a algum lugar. Essa me fez suspirar como um menino que não conhece o amor. Não creio que esteja tão susceptível a tais devaneios, não há nada demais ocorrendo. Como num experimento científico, se não são meus sentimentos que estão alterados, a culpada pelos meus pensamentos é a música. De fato, é ela.

A voz do rapaz (íntimo já) é simplesmente... talvez a mais bela voz masculina que ouvi na música. Ela é belíssima sem ser ousada, necessitada de aparecer. Simplesmente é. Canta com uma simplicidade incrível. A instrumentação acompanha a humildade de sua voz. Um piano com leves toques pela música inteira deixa a letra tocar onde quer que tenha de tocar em você, humano apaixonado. E então, quando você pensa que não é possível transformá-la nalgo mais incrível, aparece uma orquestra ao fundo. Michael Bublé passa a dialogar com esta. Um diálogo entre o que o homem é capaz de fazer com sua voz e o que ele é capaz de fazer com suas habilidades manuais que canta, acima de tudo, o amor.

Tanto disse e nem precisei falar da letra! Na primeira escuta, entendi por que ela me trouxe a meus amores. Letra que fala singelamente daquilo que todos buscamos. Combina perfeitamente com a melodia.

Talvez você, amigo, nem goste tanto do tipo de música em questão. "Roedeiras", como chamamos. Eu, em meus dias comuns, também não gosto. Confesso que essa me fez mudar pelo menos um conceito.

O nome da música para quem ficou curioso é "Always on my mind". A versão original é de Elvis Presley, mas a que ouvi é de Michael Bublé.

A quem vai ouvir: bons sonhos. ;-)


P.S.: Tente ouvir o trecho em que ele canta "Tell me" sem ser afetado. Se conseguir, não me avise! Vou me sentir sentimental demais.

3 comentários:

Vanessa Aguirre Mendes disse...

Imagine isso ao vivo. Hhahah. lindo.

Suzane Borba disse...

Adorei ao post.
Quanto a Michael Bublé... aquele homem não existe! Essa não é a única música linda dele, mas com certeza a mais tocante :) "Home" é muito bonitinha, mas nada comparada a "Always on my mind".

Suzane Borba disse...

obs: adorei O post :P