Isenção de responsabilidade

- Atualmente, há uma tendência de séries televisivas que focam no sobrenatural. Estão tentando explicar o que acontece com a gente baseando-se naquilo que não conseguimos ver.

Esse foi o comentário da minha nova professora de Português. Meu pensamento foi:

- Interessante como é o homem: diz-se na era da razão, mas joga as explicações para o que vem acontecendo conosco em alguma coisa. Porque ele tenta esconder o Deus, mas coloca a culpa em algo que nós não vemos. Curioso como adoramos nos eximir de culpa.

Na década de 1970, no auge da corrida espacial entre as potências URSS e Estados Unidos, a mídia anunciava que alcançáramos a Lua e, em alguns poucos anos, alcançaríamos Marte. Isso contribuiu imensamente para a ideia de "Esse planeta é descartável". Não sou historiador, mas talvez essa tenha sido a época mais soberba da humanidade: achar que estávamos acima do Universo.

Quando percebemos que as coisas não funcionavam assim, nossa preocupação passou a existir. Com a natureza, os animais. Curioso como a mídia tenta nos passar a imagem de que estão, de fato, preocupados com o meio-ambiente. O nosso único pensamento está na nossa sobrevivência. Forjar filantropia nisso é risível.

Não satisfeito com o que já fez, agora o objetivo é a isenção de culpa. Fingir que o que aconteceu foi puro acaso. Expliquemos com algo sobrenatural. E essa é a ideia do momento. Fiquei pensando nisso como algo pessoal. São dois extremos: não existe nada mais nobre do que admitir o erro e nada mais covarde de colocar esse peso no ombro de outra pessoa, coisa, momento, tempo, etc.

No meu caso, ainda há um agravante: imagino minha vida seguindo um caminho trilhado por Deus. Com algum descuido, posso tornar meu objetivo uma desculpa para aquilo que eu fizer de errado ou para as coisas de ruins que acontecem comigo. Eu não estou alheio à minha vida. Nós não estamos alheios àquilo que acontece conosco.

Espero que esse comportamento citado pela minha professora não ganhe tantos adeptos assim.

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