Dos Sentimentos Humanos 1

Por vezes, dizemos coisas que não queremos, amamos quem não merece, odiamos injustamente, criticamos de maneira errada. Em três dos quatro casos, o que nos vai tornar grandes seres humanos ou nos renegar a meros seres é a capacidade de pedir perdão. "Desculpe-me, eu errei naquele momento" e "Desculpe-me, não foi aquilo que eu quis dizer" são duas frases curtas, fáceis de dizer quando elas não devem ser levadas a sério. Porém, tornam-se o maior exercício humanesco do mundo moderno. Nesse admirável mundo novo (sim, Aldous Huxley, todos sabemos), qualquer indício da nossa fraqueza humana natural é quase como uma equação em que se lê: fraqueza = derrota. A equação matemática representa a precisão das ciências exatas e é aplicada nesse caso como se fosse assim, sem outras variáveis, simples como um cálculo básico. Felizmente, nesse caso não é bem assim.

O homem tem a tendência de jamais querer se rebaixar ao seu semelhante, pois isso seria ferir mortalmente seu orgulho. E em se tratando de ferir o seu orgulho ou seu semelhante, prefere mil vezes machucar este e proteger aquele. Quando percebe que o último também tem muita importância em sua vida, tenta corrigir o erro. O maior empecilho do perdão está no fato de que os orgulhosos temos o receio de esquecer totalmente do nosso orgulho. Então, empenhamo-nos numa assídua batalha para conseguir o perdão sem esquecer do nosso umbigo. E o que fazemos? Vamos lá, naquele seu melhor amigo, naquela sua namorada, no seu filho, no seu pai e puxamos um assunto, para mostrar que esquecemos o motivo do atrito. A partir daí surge mais uma questão a se pensar: olhamos para nosso umbigo e esquecemo-nos de olhar nos olhos do ferido. Pode até ser que nós tenhamos esquecido a briga, a discussão; mas e ele?

E eis que surge o maior problema da ausência do perdão: o rancor. Para nós está tudo bem, talvez nosso amigo pareça estar bem. Entretanto, por dentro ele chora rios enquanto sorri angelicalmente para ti. Então, pensamos, não há com o que se preocupar. Nesse ledo engano, deixamos uma cratera nos sentimentos daquela pessoa. Consequências inimagináveis podem advir dessa briga tão fútil, da discussão tão besta que ocorreu.

O mais incrível não será o orgulhoso perceber o quanto aquela palavrinha fez falta. O mais incrível é que, enquanto ele se vangloria dentro de si por não pedir perdão, pois isso o faz um grande homem, seu amigo, filho, pai, namorada, está esperando aparecer dele o grande humano.


=)



Thiago Luiz

2 comentários:

André Palhano disse...

Sério, você deveria escrever um livro!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

=D

Suzane Borba disse...

"Dos Sentimentos Humanos" seria um ótimo nome pra um livro com todos esses textos ;D

Adorei, Tito!
Beeeeeeijo ;*

Obs: essa história de rancor é a minha cara =P