Brutalidade

"Você baseou o seu Sonho-Lúcido nos ícones cinematográficos e da música. Um filme que mostrava como o relacionamento entre pai e filho deveria ser. Uma capa de disco que inspirava a sua crença no amor."

"Você nunca mais viu Sofia de novo."

"Consequências, David."

"As pequenas coisas. Não há nada maior, há?"


Vanilla Sky! Como seria bom viver uma vida sob um céu de Monet. Um céu que nos lembra baunilha! Ah, a diferença brutal entre a vida que imaginamos e a que acontece na vida real. Podemos, sim, ter momentos de filme, cheios de amor, aquela paixão que te pega de tal maneira que nem tu esperas. Vivemos alguns dias intensamente, achando que será para sempre e... fim. Tudo aquilo te abandonou com as lembranças dos mais belos dias da tua história e a esperança de que volte um dia. E volta? Quem sabe! Não depende só de você. Não depende só dela.

"Seu sonho-lúcido foi todo baseado numa mulher que ficou contigo por apenas alguns dias. Sofia era seu verdadeiro amor. Ela foi quem nunca se recuperou da sua morte."

Como é difícil admitir um fim. Um fim de uma amizade, de um casamento, de um namoro. Às vezes o relacionamento dura até mais do que era para durar, pois ele já havia terminado há muito tempo atrás. Os humanos evitam mudanças. Desde as menores às piores. Não gostamos. Principalmente quando nessa mudança haverá uma seqüela grave. Sentiremos saudade, tristeza. Haverá muito arrependimento, pois nossa mente tenderá a lembrar apenas os bons momentos. Isso é bom, mas logo após o fim é a pior coisa que pode ocorrer. Teremos vontade de voltar, esquecendo o que nos fez chegar ao brutal fim. Essa é a diferença. Nem todos os amores verdadeiros são eternos. Há vários que são, sim. Mas muitos não. A vida é cruel em muitos aspectos. Não perdoa nossos erros, não espera pelo nosso exame de consciência, não nos dá terceiras, quartas chances.

Poucos sobreviverão nesse mar turbulento das relações interpessoais. Poucos terão um superávit, brigarão menos do que amarão. Poquíssimos! Mas o fim pode ser uma coisa boa a longo prazo, mas como reconhecer isso? Somente muito tempo depois, se ainda nos lembrarmos desse fato.

Ah, alguns que me conhecem não entenderão como dizer tais coisas namorando. Somente pelas coisas que presencio. Ela me faz acreditar que nós fazemos parte desse seleto grupo dos poucos amores que serão eternos! E nós fazemos. Obrigado por abrir um lado otimista nesse, antes, poço de pessimismo.

Perdão aos leitores que me acham um namorado coruja.

Ah, como seria bom uma vida sob um céu de Monet.

As frases entre aspas são de trechos do diálogo final do filme Vanilla Sky (alguns erros das falas são meras falhas de memórias).


=)



Thiago Luiz