As pessoas mais próximas a mim já devem ter-me ouvido falar isso algumas vezes. Mas é curioso como inúmeros fatos que ocorrem em minha vida foram avisados com antecedência por meu pai. Poderia citar vários, como no dia em que ele me disse:
- Não planeje seu futuro em função de alguém, porque esse alguém pode não pretender planejar o dele em função de você.
Foi o que aconteceu.
Entre outras coisas que não me vem a mente tão rápido. Venho, de certa forma, dar vida à implícita postagem de ontem. No ano passado, explicando algo que não vem ao caso, meu pai disse, não a mim, mas a um grupo de jovens:
- Chega um ponto em sua vida em que certas coisas que pareciam divertidas não parecem mais. Isso não é errado, é somente a maturidade. Você começa a conviver com outras pessoas, trabalhar e suas prioridades vão sendo alteradas.
Apesar de ter meu futuro antecipado por ele, pela enésima vez, supus que isso não aconteceria comigo. Por algum motivo enigmático, eu me considero diferente do restante do mundo. Não imagino que algo que aconteça com todos irá acontecer comigo. Pela enésima vez, eu errei. O que me assusta é a velocidade com que isso aconteceu.
Apesar de ser igual a todas as pessoas desse vasto mundo, tenho certeza de que essa maturidade me veio mais rápido do que o normal. Assusta. Assusta tanto que estou confessando a minha crise a ninguém e a todo mundo ao mesmo tempo. Atividades que antes me animavam tanto, hoje não me são aprazíveis. A possibilidade de estar próximo aos seus amigos lhe é dada quando suas atividades são semelhantes. Acredito que todos já deduziram o restante. Meus amigos tornam-se cada vez mais distantes. Além da falta de tempo natural, meus interesses no meu (único) dia de folga são bem menos turbulentos e bem mais dialogados. Por consequência, vejo-os menos do que veria se fosse para essas atividades. Assusta.
Assusta demais. Eu me vejo sozinho. É doloroso, porque ao mesmo tempo em que tudo corre tranquilamente (essa é a minha resposta a todas as perguntas que me fazem sobre como realmente estou: tranquilo), estou completamente perdido. Não dependo essencialmente deles, mas a ausência deles não me agrada. Porque eles eram meu refúgio, minha chance de rir, conversar e desabafar. Hoje, não tenho nada disso. Honestamente, não sei o que fazer. Meus interesse são diferentes. E, para completar, certas coisas ainda me afastam daquilo que me é essencial verdadeiramente.
Morrer eu não vou. Todos os adultos vivem com a mesma distância dos amigos que eu vivo hoje. Se eles sobreviveram, eu devo sobreviver. Teorizando sobre o motivo de tal crise, eu cheguei a uma conclusão, talvez errada, como qualquer teoria pode estar: talvez meu problema tenha chegado a uma crise por ter sido tão rapidamente avassalador. O natural das pessoas é entrar no mercado de trabalho aos poucos, com empregos mais leves e depois realmente trabalhar. Bem, não foi o meu caso. O meu trabalho consome muito do meu tempo (não estou reclamando, adoro o trabalho) e meus interesses são diversos. Meus interesses estão ficando mais adultos (não estou me autoelogiando, até porque não estou gostando dessa mudança).
Acredito que falei mais do que deveria falar, infelizmente, não o suficiente. Um dia, se Deus quiser, conseguirei ser acompanhado e falarei tudo que está engasgado (e é muita coisa).
Obrigado a você que leu (ou não) esse post.
End of transmission.
Um comentário:
Complexo cara... Difícil até de comentar.
Sobre algumas mudanças... eu considero normal. Normal, pelo menos, quando não nos causa dor. Senti algo parecido, não sei se tão intenso, quando tinha um turbilhão de coisas a fazer. Não sobrava tempo pra nada, e a falta realmente doía. Mas, diferente de você, me doía por querer e não poder, e não por simplesmente não querer, quando devia querer. Ficou confuso, mas acho que você entendeu...
Talvez seja só uma questão de tempo, pra aprender a administrar todo esse novo em sua vida.
Fica com Deus cara, abraço.
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