Ponto de vista

Se entrarmos nessa comunidade do Orkut:

http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=3618075

veremos a foto de um homem beijando uma tela, suponho, de um computador e uma mulher "beijando o homem". No primeiro instante após ter visto a foto, pensei "Minha nossa, que foto linda!". Olhei-a mais uma vez, sorri, esperando que um dia encontre alguém assim. Após mais uma olhada, instintivamente veio-me outro pensamento. Ele simplesmente ecoou em minha mente dizendo "Meu Deus, esse mundo é moderno demais para mim!". E por esse raciocínio fui tomado.

Talvez pelo meu pessimismo, tenho a propensão de olhar tudo sob um ponto de vista mais catastrófico, maldoso, difícil e todos os outros adjetivos negativos existentes no nosso dia-a-dia. Mas nesse aspecto eu acho que ganharei alguns adeptos da minha teoria. Beijamos a tela do computador. Meu Deus! Que atitude mais bela de um amor inacabável. Platônico, também, se considerarmos somente o óbvio da foto (a distância entre os dois enamorados)? Amor platônico hoje em dia é isso. Nesse amor, somos todos perfeitos. Quem é egoísta pela internet? Quem trai pela internet? A beleza agora pode-se relevar, pois com o advento das fotos digitais, web cams isso tornou-se mais difícil, não impossível. Na internet, somos todos pacientes, amorosos, benevolentes.

E quem diria que ainda há um lado pior a se olhar? A foto talvez seja um simbolismo do que se tornou a vida humana nos dias "civilizados". Permanecemos a distância um dos outros, seja isso quando conversamos pelo computador, ou quando passamos pelo meio da rua lotada. O máximo que conseguimos é ter o doce e entorpecente amor on-line, em que não temos as maravilhas do toque, do abraço, do beijo no companheiro amado, porém, por outro lado, não sofreremos as terríveis dores de um amor não correspondido ou esvaído pelas entranhas cruéis do mundo real.

Chegamos (inacreditavelmente) num aspecto mais cruel: por que as pessoas chegaram a esse ponto? E onde encontramos a resposta? Já diria aquele sábio desconhecido que um dia, de maneira clichê disse: "quando apontas um dedo ao próximo, estás apontando quatro (na verdade são três) a ti mesmo". Ou seja, estamos nesse ponto porque nós mesmos, lenta e diariamente nos conduzimos a isso. Ações de inúmeros povos, dezenas de gerações, seguindo a trilha do isolamento conseguiu atingir o ponto máximo, a crista (ou seria o vale?) de uma onda que nós, pelo menos, alguns de nós, não gostaríamos de ter chegado: a onda chamada solidão.

Que lindo! Um casal de apaixonados a distância...


... a primeira impressão é a que fica?


=)



Thiago Luiz