Dos Sentimentos Humanos

A insanidade trazida por um bom livro

De Flaubert a Joyce, de Joyce a Sabino; três momentos diferentes do curso da humanidade. Três histórias. Porém, apenas uma temática: a desilusão da juventude com o mundo. Era a mesma em 1869 até meados de 1950. É a mesma hoje. Momentos da história humana são efêmeros, passageiros, os enredos deveriam ser diferentes. Não são. Por dedução óbvia, chegamos à conclusão de que a desilusão é por algo atemporal, imutável. O que é eterno, relativamente falando? Nossa existência, o amor, os sentimentos. Eis nossa resposta: a desilusão da juventude está nas pessoas, em suas imperfeições, que colidem com as imperfeições puritanas do jovem, mesquinhez, egocentrismo.
Crescemos esperando um mundo perfeito, como nossos pais foram na nossa infância. Amamos pela primeira vez de forma perfeita, incorruptível. Até que vemos que perfeição... A perfeição não está em outro, ou ali adiante, ao lado, no capitalismo, socialismo, anarquismo, ateísmo, catolicismo, espiritismo, PT, PMDB, democracia, ditadura... E onde está? Ao invés disso, individualismo, utopia, Deus, ateísmo, ignorância, tristeza, solidão, trabalho, falta de tempo, não pense, não pense, não ame... E para onde foram os puros sonhos? O amor intocado da sujeira? E a juventude? Esvaiu-se com as obrigações, estudos, trabalhos, ócios. Simplesmente esvaiu-se...
Da França pós-napoleônica ao Brasil da Boemia, a juventude é a mesma, os sonhos idem, e as frustrações. O que muda são as individualidades da amizade, do amor, da solidão. As individualidades de uma vida deixada de lado... As individualidades do que nunca esquecemos, do amor quase vivido, da amizade para sempre lembrada... Apenas a individualidade do sentimento humano. Daquele “Eu te amo”... Que, de uma temática única e sem mais nenhuma originalidade, formam-se tantos enredos inesquecíveis: o enredo da minha vida, da sua, de todas as jovens vidas existentes no mundo e prontas para serem desiludidas, caso sua juventude seja roubada por um amor tão imperfeito: o amor do homem.

2 comentários:

André Palhano disse...

é, meu caro, a juventude de hoje dificilmente entederá o que você quis dizer. talvez quando ela amadurecer...

muito bom o texto =D

Suzane Borba disse...

um dos melhores textos que você já fez!
é prazeroso se surpreender cada dia com pessoas que conseguem viver o mundo e não apenas viver nele.


beijo! :*
saudades