Sobre a amizade...

Algo que sempre dizem é "Amizade é para sempre", ou "o amor é eterno". Às vezes esses dizeres deveriam ser verdade. O primeiro é sobre o que quero falar. Muitos que não acreditam que o amor é eterno acreditam na atemporalidade da amizade. O inverso? Muito difícil. Amizade parece ser algo intocável, irreversível, único, talvez digam que maior do que o próprio amor, porque é o amor em diferente essência. É muito provável que a pessoa que falou "a amizade é para sempre" fosse um romântico. Ou, melhor para ele, todas as suas (poucas) amizades deram certo! Porque para nós, reles mortais, muitas acabam. Não. Acabam é muito forte, vamos usar o termo "esfriam".

Creio que o fim de uma amizade seja mais difícil que o fim de um relacionamento amoroso. Num relacionamento sadio (digo sem traições, desconfiança de ambas as partes, etc.), quando ocorre o fim, frequentemente usa-se o argumento de que ou um ou outro percebeu que não era amor de verdade, genuíno. Talvez um dos dois ainda ame, mas, mais cedo ou mais tarde, acostumar-se-á e perceberá que não é amor de verdade. O que restará? As lembranças das coisas boas vividas.

O problema é admitir o fim de uma amizade. Em tese, a pessoa que disse que amizade é eterna estava certa. Era pra ser eterna. Num mundo idealizado seria eterna. A questão é que nosso mundo tem tantas variáveis quanto a nossa imaginação pode pensar. Quando se admite o fim de uma amizade, você está indo contra seus próprios princípios. O pior, as lembranças dos bons momentos da amizade surgirão em tua mente. A diferença para o namoro é que não era para acabar! Você não deixa de amar um amigo, talvez a ocupação aumente, a distância também, as pessoas mudem, mas deixar de amar um amigo não acontece. E é isto que dói: relembrar dos momentos sabendo que, se o mundo fosse mais idealizado e menos real, vocês ainda teriam as mesmas brincadeiras. Para os mais saudosistas como eu, às vezes ainda se tenta recuperá-la. Ligando, (hoje) indo no Orkut, msn, até indo na casa da pessoa com mais frequência. E aí tu levas uma pancada que é mais dolorosa que qualquer outra: perceber que o Mundo não fica esperando você notar seus erros. Quando tu notas, é tarde demais. Podes até não errar assim numa amizade futura. Porém, esse teu acerto teve como preço uma amizade anterior. E agora? Por mais amigos que tu tenhas, cada um é único. Amas um mais do que o outro, mas eles são únicos. Só brincas daquele jeito com um, só contas determinadas coisas para outro. Quando se perde um, é como se uma peça de um conjunto caia. Talvez todo o conjunto não caia, mas às vezes ele se sentirá abalado.

E assim você vai vivendo. Percebendo o quanto a convivência com o outro é frágil, corrigindo os erros de um lado, errando do outro. Tenho saudade de muitos amigos. Muitos mesmo, como saudosista que sou. Um irmão que deixei em Recife. Um irmão que se encontra tão perto de mim aqui em Natal, mas que às vezes sinto que a distância física que de pequena que era ficou grande. Uma irmã que vivemos nos desencontrando. Nenhum desses estão perdidos, mas sinto tanta falta deles que às vezes me dói, principalmente do segundo. Ultimamente tenho sentido tanto tua falta, amigo escritor! Talvez esteja mais sentimental (sabe o que amor faz com nosso coração, não é?) do que antes, mas isso não ameniza como sinto saudades dele. Dos seus comentários irônicos, de suas brincadeiras inteligentes e de sua ignorância velada.

Mas algumas coisas podem ser eternas. Vamos redescobrindo isso quando ganhamos nova esperança. Tu me destes nova esperança, meu bem. A esperança de que um amor e uma amizade podem ser eternos se os dois quiserem. Por isso, mais um muito obrigado por me fazer tão bem!

Perdoem meu romantismo exacerbado! Hoje completo 3 meses de namoro sentindo algo que pensava não fazer mais parte do meu leque de sentimentos: o amor. E ele me dá inspiração. Portanto, desculpem-me a quem não está amando e acha todo esse sentimentalismo muito chato. A ti, o primeiro trimestre de vários outros! Amo-a.




=)





Thiago Luiz